terça-feira, 15 de outubro de 2024

O CINZEL - TRABALHO APRESENTADO


No dia 11 de outubro de 2024 durante sessão de Grau de Aprendiz na Loja Maçônica Edson Alves ,  o Irmão José Jorge de Holanda apresentou o belíssimo texto abaixo: 


CINZEL

O Cinzel é um instrumento de corte manual que possui numa extremidade uma lâmina de metal aguçada e do outro um cabo de madeira, muito utilizado por escultores , para cortar metal e lavrar pedras, essencial para transformar a pedra bruta em pedra cúbica. Ele é força ativa e intelectual, que simboliza o método maçônico. No sentido etimológico da palavra, o cinzel é um instrumento achatado, de ferro ou aço, formado por uma lâmina afiada em uma das pontas, para trabalhar corpos duros, essa lâmina costuma ser empurrada por um martelo ou um malho.







As ferramentas de trabalho do aprendiz Maçom são o Régua, o Malho e o Cinzel. Estas ferramentas estão presentes na loja, o Malho e o Cinzel colocados junto à Pedra Bruta, situada no lado Sul.

A Pedra Bruta, o Maço e o Cinzel são a representação dos instrumentos do Aprendiz, que estão apresentados no Painel na forma unida, sendo um o complemento do outro. Esses dois instrumentos são inseparáveis com eles temos a possibilidade de transformar a Pedra Bruta em Pedra Polida, que é exatamente essa a grande lição do Aprendiz, se aperfeiçoar para ter a chance de poder se elevar no grau, da tão enigmática ordem maçônica.




Vale destacar que o cinzel sem o malho é praticamente um instrumento nulo, sendo necessário  aplicar o malho com a força necessária, sem mais nem menos, de forma continua e precisa, para que os dois se completem e sirvam realmente para lapidar, exatamente para não corromper de forma bruta o objeto trabalhado que no caso é nosso próprio corpo e alma, com isso simbolizamos a Força do Caráter a serviço da Razão e da Inteligência, sendo o lado espiritual atuando sobre a matéria. Cortar a pedra com o cinzel é separar a vida profana da vida espiritual.






O cinzel também é o símbolo do discernimento e dos conhecimentos adquiridos mas, também, da tenacidade e da perseverança. O seu uso representa, para o aprendiz, o aperfeiçoamento e o conhecimento de si próprio. representa o passivo, indissociável do malhete, o ativo.

Este é o trabalho do aprendiz, conhecer a si próprio, suas imperfeições, suas fraquezas e seus vícios. Ninguém é capaz de combater aquilo que não conhece. Para que o aprendiz possa combater seus próprios vícios, suas fraquezas é fundamental que as conheça.

Para admitir que somos imperfeitos, para admitir que cometemos erros é preciso ter humildade e aceitar que somos falhos. Para aprender é preciso admitir que precisamos de alguém para nos ensinar. para aprender é preciso saber ouvir, escutar opiniões divergentes enfim, é preciso ser humilde, sem soberba, sem ter o ego dominando a própria razão e fazendo com que não enxerguemos o óbvio.

Ao sermos humilde e capazes de reconhecer que somos imperfeitos, seremos capazes de iniciar a jornada do auto-conhecimento. A medida que passamos a nos conhecer melhor, passamos a aceitar que cada ser humano é único, com suas necessidades, anseios, angústias e expectativas. a partir daí, podemos, cada vez mais, usar o espaço entre a ação e a reação. Cada vez mais seremos capazes de, com base no aperfeiçoamento moral do nosso próprio ser, discernir entre o certo e o errado, entre o bem e o mal.  Cada vez mais seremos capazes de direcionar o cinzel para o ponto exato, onde existem arestas a serem removidas , cada vez mais seremos capazes de fazer a obra para a qual fomos criados, passo-a-passo, degrau-a-degrau, estaremos caminhando . Sem dúvidas é um trabalho gigantesco, onde temos que trabalhar nesta pedra bruta, que é o nosso próprio ser, transformando vícios em virtudes. Mas é um trabalho possível de ser feito.

O aprendiz deve se concentrar em tentar reproduzir a pedra cúbica, deve fazê-lo com discernimento e determinação, mas também com cuidado para não deteriorar a pedra bruta.

O símbolo do cinzel do método maçônico faz com que o aprendiz entenda que ele é a pedra bruta e que precisará, ao longo de sua vida, determinação e perseverança para corrigir suas imperfeições, seus defeitos. E seus vícios, a fim de melhorar intelectual e moralmente e se tornar como a pedra lapidada que lhe é proposta como modelo.

O que nos torna diferentes é o fato de termos auto-consciência, de sermos capazes de “pensar sobre nossos pensamentos”, de sermos capazes de não apenas reagir ao meio e ao que nos acontece, mas sim de sermos capazes de refletir, de analisar, de discernir sobre o que é certo e o que é errado, de fazer o que tem que ser feito, mesmo que as vezes não seja o mais fácil a ser feito.





Existe uma distância  entre saber o que é certo e fazer o que é certo. Ao mesmo tempo em que temos este espaço, entre a ação e a reação, somos também a única espécie que age errado, tendo consciência do que seria correto. Essa fato pode gerar conflitos em nossa alma, pode marcar nosso ser. Por isso que só o estudo, o esclarecimento, a transformação diária da pedra bruta em pedra polida, é que é capaz de aprimorar a nossa capacidade de discernimento, de julgar com o coração, de deixar nossa intuição nos guiar, de fazer o que tem que ser feito.

Diante da pesquisa feita para elaboração do trabalho apresentado, minha conclusão e que somos realmente Eternos Aprendizes,  que devemos compreender profundamente e aprendermos o simbolismo dos instrumentos Maço e Cinzel, pois trabalhando juntos, simbolizam um equilíbrio, onde cada ferramenta oferece o que tem de melhor para que seja possível chegarmos a um objetivo comum. Assim, nós os Aprendizes Maçons, também devemos trabalhar juntos, cada um oferecendo o seu melhor, para que juntos como fraternidade e Instituição, possamos sempre manter nosso equilíbrio, força e sabedoria;

Que nunca nos esqueçamos que cada um de nós, individualmente, a exemplo de separarmos o Maço do Cinzel, pouco poderemos fazer em prol do objetivo de tornar a Humanidade feliz. No entanto, se trabalharmos unidos, fortes, dedicados e com inteligência, poderemos apresentar resultados extraordinários, inclusive individualmente;

Novamente reforço: “É necessário que cada um de nós Aprendizes, sendo pedras brutas, busquemos conhecer nossa natureza, nossa constituição ou composição, entendamos e reconheçamos de qual “material” somos feito e qual resistência temos”. Que esse conhecimento individual e interior, agora, nos sirva para que saibamos utilizar da melhor forma o Maço e Cinzel, aparando nossas arestas e evoluindo constantemente, seja pelo aprimoramento pessoal, intelectual ou espiritual;

Também é importante destacar: “Não é a força do golpe do Maço sobre o Cinzel, que trará a beleza da obra ou edificação, mas a habilidade, o foco e precisão com que se golpeia, bem como a escolha criteriosa e inteligente do local onde se deve golpear, que irá constituir a real funcionalidade do uso de tais instrumentos”. A partir desse conhecimento, que o Maçom poderá ter o perfeito entendimento dos significados desses instrumentos simbólicos para a edificação da Maçonaria;

Como “eternos Aprendizes”, devemos constantemente desbastar nossas arestas, seja no campo pessoal, profissional, social, intelectual e espiritual, sem esquecermos que o mundo, que devemos compreender profundamente e aprendermos o simbolismo dos instrumentos Maço e Cinzel, pois trabalhando juntos, simbolizam um equilíbrio, onde cada ferramenta oferece o que tem de melhor para que seja possível chegarmos a um objetivo comum. Assim, nós os Aprendizes Maçons, também devemos trabalhar juntos, cada um oferecendo o seu melhor, para que juntos como fraternidade e Instituição, possamos sempre manter nosso equilíbrio, força e sabedoria.


IR.'. JOSÉ JORGE DE HOLANDA 

 

 

Referências bibliográficas:

ANATALINO, J. - Maçom Center - https://macomcenter.com.br/blog/index.php/2020/01/  -  Artigo: O Malho e o Cinzel – 2012. Acessado em: 13 de outubro de 2023

FERREIRA, R. de F. – A pedra bruta, o maço e o cinzel. 2020. Artigo disponível em: https://colunasdepiratininga.org.br/a-pedra-bruta-o-maco-e-o-cinzel. Acessado em: 13 de outubro de 2023.

Manual: Ritual de Aprendiz (REAA) 1º Grau – Aprendiz, Salvador-BA, 2019

RODRIGUES, J.A. - O MAÇO E O CINZEL – SÍMBOLOS MAÇÓNICOS – 2022. Disponível em: HTTPS://WWW.FREEMASON.PT/O-MACO-E-O-CINZEL-SIMBOLOS-MACONICOS/ - Acessado em: 13 de outubro de 2023.

PEREIRA, F.C.M. – Os instrumentos de trabalho do primeiro grau de Aprendiz Maçom – 2013  Disponível em: https://www.maconaria.net/os-instrumentos-de-trabalho-do-primeiro-grau-de-ap-m/ 

 

CAMINO, Rizzardo da, Dicionário Maçónico, ISBN 85-7374-251-8, primeira edição, Madras Editora limitada., 413 páginas, São Paulo, 2001; 

 

Maçonaria 100 Instruções de Aprendiz (Português) Capa Comum – 1 jan 2007 – por Raymundo D’Elia Junior (Autor) – Editora Madras

https://www.revistauniversomaconico.com.br/simbologia/a-pedra-o-maco-e-o-cinzel/